História da Vila
Santa Cruz da Trapa é uma freguesia do concelho de São Pedro do Sul, situa-se a Oeste no distrito de Viseu.
Esta terra beirã ocupa 21,29 Km2 de área, e fica cerca de 10 Km da sede concelhia e 30 Km da cidade de Viseu. Tem fronteira com as freguesias de Candal, Manhouce, São Cristovão de Lafões, Serrazes e Carvalhais, do mesmo concelho.
Santa Cruz da Trapa é constituída pelos lugares de Paçô, Vila Nova, Lourosa da Trapa, Ribeira de Lourosa, Cavadas, Olho Marinho, Treleira, Covilhô, Trapa, Pendão, Boco, Bairro Novo, Eiras, Pedregal, Várzea, Calvário, Eirô, Barrios, Vendas, Sobrosa, Barroco, Dianteiro, Chamiceira, Landeira, Malhadinha, Rio e Burgueta. Trapa era uma pequena comunidade cristã, situada num sítio deserto, uma espécie de cova na Serra de Manhouce e que teria dado origem à paróquia de Santa Cruz. O Mosteiro da Trapa foi destruído pelos muçulmanos no ano de 920 e só durante o século XII é que foi reconstruido, a três quilómetros a sul da vila de Trapa.
Inicialmente era um mosteiro misto e obedecia à regra beneditina, mas depois de ser reedificado, em 1120, por um casal da família do bispo D. João Peculiar, passou a ser habitado por padres crúzios de Coimbra. Porém estes não se adaptaram e regressaram novamente os monges beneditos de São Bernardo.
Assim, em 1132, quando D. Afonso Henriques criou o Couto do Mosteiro de São Cristovão de Lafões e lhe fez doações, já Santa Cruz da Trapa era paróquia e pertencia a Lafões. No começo da cristianização desta vila-tardo-romana, surgiu uma pequena ermida com devoção à Cruz, o que era um facto normal em todas as regiões. O culto a São Mamede, protector dos animais, foi aumentando e acabou por se sobrepor ao culto da Cruz. A prova desta situação está visível nas Inquirições de 1258, onde aparece "parrochia Sancti Mametis de Baroso", isto é paróquia de São Mamede de Baroso, por ser banhado pelo rio Baroso, afluente do rio Vouga.
Mais tarde é designado de Trapa devido à proximidade com a Vila da Trapa, que durante séculos teve grande importância. A partir da segunda metade do século XII, tanto a Vila da Trapa como o seu couto conventual, Paçô, passaram a fazer parte do coutode Cima, sustento de São Cristovão de Lafões. Com o passar do tempo, o antigo couto da Trapa torna-se numa espécie de sede administrativa do grande Couto de Cima.
Durante séculos desempenhou a função de sede de um concelho medieval, autónomo e isento da intervenção das autoridades centrais e regionais. Em 1834, o concelho da Trapa é extinto e integrado no de São Pedro do Sul, onde permanece até hoje.
"Na senha destruídora, o inimigo tivera de defrontar-se com os minúsculos mas decididos aglomeredos de cristãos que, ao derredor do cenódio de S.Mamede, habitavam: uma aldeiazinha ou burgo pequeno chamado Burgueta; uma nova vila - Vila Nova, alguns casais, e, ao cimo de uma graciosa elevação, o Calvário. Aqui levantava-se uma cruz, aonde partindo do cenóbio em procissão de Vila-Sacra, mesmo sob o domínio muçulmano, iam os cristãos, mau grado os seus opregressores. Outras povoações ainda se distinguiam pelo zelo que a sua fé inspirava, merecendo em especial menção a povoação que de nome vulgar tomou, como eu, nome próprio: A Trapa."
Excerto retirado do livro "A Trapa" de Cónego José Simões Pedro, 1990
Origem do nome que tem
O despovoamento de cristãos feito por mouros desarticulou quase por completo a tradicional estrutura organizada em paróquias; S. Mamede do Baroso foi uma experiência que após a derrota do inimigo sucedeu a definitiva restauração da Igreja.
Até 1120, muitas coisas mudaram pois após a derrota do inimigo foi formada uma nova organização da paróquia anteriormente delineada.
Começar-se-ia por dar-lhe um novo nome - A Cruz do Senhor.
Tudo era estímulo de forte devoção à Cruz, a sugerir a todos e em jubiloso consenso, o nome novo a dar – “Santa Cruz”, embora o santo Padroeiro continuasse e o mesmo nome oficialmente de S. Mamede, por tempos fora.Vieram os monges trapistas de Cister e o nome de Trapa tomou novo relevo, sendo adoptado como mdeterminetivo que a faria distinguir de outras terras do mesmo nome, Santa Cruz da Trapa, que consiverava honrada com esta dupla nobreza da sua origem.
Com o andar do tempo, para esta designação mudou definitiva e oficialmente o nome.
Padroeiro
O padroeiro de Santa Cruz da Trapa é São Mamede, cuja festa se celebra no dia 17 de Agosto. Desconhece-se a sua data de nascimento, sabe-se, no entanto, que em 275, em Cesareia da Capadócia.
São Mamede era pastor e, movido pela sua fé, construiu um altar no deserto, passando a pregar a palavra de Deus aos animais selvagens.
Foi preso e lançado às feras mas estas, inexplicavelmente, não lhe tocaram. Escapou depois à morte num forno e, por fim, foi estripado por um tridente.
Estes factores são agora representados como símbolos de São Mamede, tendo, assim, com atributos um tridente, um leão, corças leiteiras e outros animais.
É o padroeiro dos queijeiros e fabricantes lacticinios e dos bombeiros, porque apagou um incêndio com as suas lágrimas.